terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

CRESCER...


Quando somos crianças, achamos que crescer é ser mais alto.
Quando somos adolescentes, achamos que crescer é ter vida de adulto.
Mas só conhecemos o que de fato significa CRESCER, quando já estamos crescidos de verdade, em altura e em idade.
No início da jornada, tudo é tão florido. Pouco ou nada conhecemos sobre as dores da vida. Temos nossos pais conosco, cuidando de nós e pagando nossas contas. Também temos amigos incontáveis que estão sempre a nossa volta, e em todas as ocasiões. Temos sonhos, milhões de sonhos, dentre eles: encontrar um ótimo trabalho, ser um profissional feliz e satisfeito, se formar na universidade, encontrar o príncipe (ou a princesa) dos sonhos, ter filhos, viajar para vários países...ai quantos sonhos.
E então começamos a crescer...
E a contagem do tempo começa a decrescer e passamos a não saber quantos anos ainda teremos com nossos pais. Quando éramos crianças, imaginávamos mais 50 anos à frente desfrutando da doce companhia deles, e quando nos tornamos adultos, pensamos: "quantos anos será que ainda teremos com nossos queridos pais?" A verdade é que o tempo com eles vai encurtando, vai estreitando e começa a aparecer o cansaço, os cabelinhos brancos, uma dorzinha aqui, outra ali. A frase soa redundante mas, o tempo nos faz adquirir a noção do tempo. E ao contrário daquela felicidade da infância, sabemos que temos bem menos de 50 anos ao lado deles. Isso é angustiante e estranho. E então começamos a ter que consolar nossos amigos que vão perdendo os seus, e acabamos nos perdendo naqueles aterrorizantes pensamentos, na obscura curiosidade de saber quando que será a nossa vez de passar por essa dor. E para a nossa sorte, a vida não nos revelou essa cruel resposta. E só assim compreendemos que devemos correr contra o tempo e amar e amar e amar nossos pais muito mais, e valorizar muito e demais a presença deles. Hoje mais que ontem, e amanhã mais que hoje.
O tempo também traz a desilusão de descobrir que muitos daqueles nossos "melhores amigos" de outrora, hoje são meros desconhecidos. Pessoas que nas juras de amizade da juventude, prometiam estar conosco para sempre, até envelhecer. E sem mais nem menos, afastam-se, vão embora, ou nós nos afastamos, ou nós vamos embora. A vida de alguns muda, a de outros nem tanto, e toda aquela semelhança e afinidade do passado, transforma-se em diferenças insuportáveis para se manter uma amizade. Você percebe que sua presença antes imprescindível, hoje não faz qualquer diferença.Você torna-se desinteressante, ou eles tornam-se desinteressantes. Você se torna "velho" demais, e eles continuam infantis demais. Ou você continua infantil demais, e eles "velhos" demais. E acabamos por descobrir algo bastante triste: se achávamos que na suposta ausência de nossos pais, ao menos teríamos a presença de nossos "melhores amigos", descobrimos que não teremos todos eles. Teremos poucos. Pouquíssimos. Essa lição é dolorosa mas traz a verdade à tona, e descobrimos que na juventude nós valorizamos muitas pessoas erradas, que jamais foram nossos amigos de verdade e então nos tornamos seletivos sobre quem deve e quem não deve ter um lugar de honra na história da nossa vida, e quem realmente faz jus ao título de AMIGO.
O tempo também nos mostra que a maior porcentagem da população mundial, não trabalha naquilo que ama fazer, não consegue ficar rico, não consegue se formar na universidade, não consegue achar o príncipe (ou a princesa) encantado (a), não consegue ter filhos, não consegue viajar para vários países. O tempo frustra muitos sonhos da juventude, porque quando somos jovens demais achamos que tudo está sob o controle das nossas mãos, e os anos nos mostram que pouquíssimas (íssimas-íssimas) circunstâncias, conseguimos controlar. A vida toma outros rumos, muitas vezes opostos aqueles que vislumbramos.
E agora vem o mais curioso de tudo: a vida torna-se uma delícia quando aprendemos a encará-la de frente.
1 Nós passamos a amar mais e a valorizar mais os nossos pais
2 Nós descobrimos aptidões e habilidades que nem sabíamos que tínhamos, e nos envolvemos em trabalhos inusitados, e descobrimos que podemos ser polivalentes na questão profissional
3 Alguns resolvem não cursar uma universidade para alcançar uma boa vida financeira e através daí descobrem dons para trabalhar em inúmeras atividades,e assim conseguem maravilhosos resultados, e tornam-se ótimos empreendedores
4 Nós enfim adquirimos a certeza de que nessa altura do campeonato, só sobraram os amigos fiéis, aqueles que são como família e que merecem estar em nossa vida
5 Nós descobrimos que nosso príncipe encantado não vai chegar num cavalo branco, mas vai ser "aquele rapaz" simples, que vai chegar em sua vida inesperadamente e vai te transbordar de amor
6 Nós descobrimos que ter filhos é a coisa mais magnífica que existe, e que SOMENTE a partir daí nós realmente conhecemos o que é o amor transcendental
7 Outros descobrem que não nasceram para ser pais, mas sim para fazer a diferença no mundo, envolvendo-se em projetos de altruísmo e então transportam o amor que tem, para a humanidade, para os animais e para a natureza
8 Nós aprendemos a lidar com a vida. A lutar contra as desilusões. Crescemos sim, não somente na altura e na idade, mas crescemos muito enquanto seres humanos. Deixamos de ser bebês chorões que não sabem encarar as adversidades. Percebemos que o tempo não só amadurece os frutos, como também amadurece os corações.
9 O amor próprio aumenta, pois começamos a entender que somos fortes e guerreiros, e que cada episódio da nossa vida nos traz uma lição, e a cada lição um aprendizado. Começamos a nos orgulhar daquilo que nos tornamos
10 E enfim descobrimos que cada vida possui uma história própria, e que ninguém vive os sonhos de ninguém. Somos seres únicos que estamos apenas de passagem nesse planeta. E temos a obrigação de deixar algo de bom durante essa passagem pela Terra. Seja o que for, mas que seja bom e positivo.
Jessica Ribeiro